quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A INSUFICIÊNCIA DO REAL


         Acho que não é mais nenhuma novidade detectar que as redes sociais, hoje, movem as pessoas a fazerem coisas que, muito provavelmente, não fariam se não existissem.

       Nesse mundo maravilhoso, todo mundo é feliz, todo mundo é amado, todo mundo tem dinheiro, entre todas as coisas que fazem a vida de uma pessoa “valer apena”. Assim, acabam fazendo com o que o seu mundo pareça insignificante e/ou tudo que tem seja insuficiente diante de “tudo” dos outros.

         Toda essa felicidade alheia pode causar, e causa, um desprezo em relação a si e aos que o cerca. Ao seguir uma pessoa que tem uma vida perfeita, com amigos perfeitos, relacionamentos perfeitos e famílias perfeitas, o seguidor pode se sentir um tanto que incapaz de ter/fazer todas essas coisas, apesar, de muitas vezes, tentar publicar fotos ou status que mostram o contrário.

         Há quem considere que todos esses sentimentos causados pelas redes sociais sejam, de certa forma, um incentivo para que o internauta passe a enxergar a vida “medíocre” que leva, e assim, passe a investir mais o seu tempo e dinheiro em outras coisas, como viagens, roupas, sapatos, amizades e relacionamentos, para que a sua vida passe a ser válida de acordo com o padrão das redes. Há quem discorde. Há quem afirme que as redes sociais são uma espécie de veneno altamente danoso que vai matando aos poucos o que há de mais precioso, a vida. As experiências pessoais estão cada vez mais escassas, sendo assim substituídas por experiências superficiais coletivas, nas quais quem mais perde é quem publica.

      Segue um questionamento que fará você se posicionar em relação ao conteúdo do texto que acabara de ler: e aí, a sua vida real é compatível com o que você posta?

Lucrécia Dias de Araújo Nunes